sábado, 5 de janeiro de 2008

FELIZ 2008!

Não sei o que será deste blog ainda... Deixa o destino resolver...

De qualquer forma, aqui segue o link para o meu novo espaço ENTRE TORTOS E MANUAIS:

http://entretortosemanuais.blogspot.com/

Um belíssimo Ano Novo para todos! Sorte e muita saúde... Além, é claro, do dinheiro rss

Beijos e abraços

domingo, 23 de dezembro de 2007

Dezembro e festas natalinas

Bem, meus queridos, eis que chega o período do Natal...

Belíssimos momentos para todos!

EM TEMPO: Esses podem ser os últimos dias do Olhar Comprometido, mas repensarei no espaço BLOG e voltarei com um novo em breve...

Que Deus nos abençoe e nos guarde!

Jordão Pablo

sábado, 10 de novembro de 2007

A Senhora das Velas, de Walcyr Carrasco


Não acreditei muito quando recebi o livro... Lá vem uma história chata e monótona, com o amor carnal vencendo no final e o herói se consagrando após inúmeras batalhas...

Peguei o livro mesmo assim e, no momento em que li os agradecimentos, quão grande foi minha surpresa ao ler "Paulo Coelho"... Meus olhos devem ter brilhado: aquele texto se tornava interessante não pela citação, mas por ser estabelecido um vínculo entre o autor que me é tão caro e Carrasco.

A leitura mostrou um enredo que, claramente, comungava dos ideais que, por vezes, são esquecidos pelos literatos. Deparei-me com a seqüência de sempre, o herói, as batalhas, a despedida, a solidão, a luta de classes, a espiritualidade, a intertextualidade... mas estive frente também à mão sensível de um escultor que, com emoção e experiência, mostra-nos os caminhos tortuosos de um menino que rompe com tudo e todos para, em alguma parte, se confundir com o leitor.

Exercício de razão e de mitos que, muitas vezes renegados, são esquecidos pelo materialismo e pela tentativa (sempre frustrada) de não se machucar. Esse é um ponto que merece atenção: o combate direto entre clássico e moderno, entre eterno e efêmero.

Não é, entretanto, obra de quinze dias de experimentação, mas de um ou dois, uma vez que a intensidade é um nocaute em nossos preciosismos que delega reflexão e internalização posterior. Eis o alaranjado da chama da vida vencendo o prateado da contemporaneidade.

"Pãozinho quente. Barulho de chinelo. Vovó. Galinhas cacarejando e até o cheiro das penas molhadas. Muito, muito tempo depois, Felipe ainda se lembraria dos ruídos, dos aromas, das mil sensações anunciando o amanhecer. A cada vez, teria a mesma saudade, idêntico desejo de abraçar a avó, de ouvir a voz do pai, de tomar o leite morno e açucarado com queijo fresco feito em casa. Ah, que saudade daquele tempo repleto de abraços!" (p.11)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Entre o cristal e a chama, de Flávio Carneiro

"Entre o Cristal e a Chama nos coloca na indissociabilidade entre leitura e escrita ao fazer nascer o escritor do leitor. O escrever se traduz numa materialidade, a partir do exercício cotidiano da leitura, do corpo de quem escreve. Ler é uma atitude diante do mundo. Talvez a sombra de Borges seja demasiada no final, quando a personagem sem nome do Leitor ensaia sem resultado sair dos labirintos textuais, evocando a dimensão solitária, trágica e moderna, da escrita e da leitura. No entanto, há uma brecha frágil, que talvez se realize para além do livro, do fascínio do texto para a experiência do leitor, da crítica para a narrativa" (Denilson Lopes, no Correio Brasiliense, 16.02.2001)


Bem, esse é o primeiro livro teórico sobre o qual me proponho a falar aqui no blog. Escolhi-o pela leveza que marca sua tessitura na profundidade própria de uma criação divina.

O percurso escolhido por Flávio Carneiro é agradável e sensível, proporcionando ao seu leitor uma visão global das obras abordadas por ele e, concomitantemente, uma visão particular dos seus atributos individuais.

Destaco o Prefácio, que é de uma consistência teórica que me fascina. Passeando por Eco, Sêneca, Calvino, Luiz Costa Lima, Blanchot e Foucault, entre outros, dá-nos uma verdadeira aula sobre a atividade e suas matizes quando se pensa no leitor.

A leitura é tão bem estudada que a simplicidade da fala autoral se converte em cristais reluzentes, mas não encobre a experiência individual que marca a literatura, chamas ardentes e efêmeras. O tom é próximo e científico, é conceituante e libertário, é pessoal e geral.

Por fim, digo em claras palavras: uma bela leitura para entusiasmados pela arte.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Licença Artística


Peço licença a vocês, meus caros leitores, para prestar minhas homenagens a Paulo. Homem que tantas vezes me fez chorar no infinito de seu olhar e que me fez sorrir com a doçura de suas palavras.

Não tive a honra de assistir a um espetáculo que fosse, mas sua energia ferozmente atacava meu coração todas as vezes que, humildemente, dava uma faísca de sua genialidade para a televisão brasileira.

Sinto que compartilhei de sua verdade e da sua entrega. Poucos nessa Terra de Santa Cruz são artistas da alma e você, Autran, ficará eternamente nas minhas melhores lembranças.

Que Deus ajude o teatro e as artes cênicas brasileiras na ausência do seu maior e mais competente mago...


domingo, 30 de setembro de 2007

O demônio e a srta. Prym, de Paulo Coelho

"Palavras não levam a lugar nenhum. Deixemos que falem, pois a vida se encarregará de fazê-los agir de maneira diferente."

Conta a história de uma vila, chamada Viscos, onde tudo era muito monótono. Cidade do interior. Nela chega um estrangeiro que dá a Chantal Prym a responsabilidade pelo futuro de seu lugarejo. Monta um esquema de laboratório científico: envolve-a numa rede sem escapatórias. Tudo para atender um anseio individual. A situação faz nascer na protagonista seu demônio individual, que passa a travar uma luta com seu lado bom. A rede se torna ainda maior quando sua proposta é revelada a Viscos.
Um livro de enredo forte e de um final inimaginável, onde a mocinha, tantas vezes frágil e indefesa, é impelida a lutar contra si mesma, contra o desconhecido e a mudar o futuro de toda uma comunidade e de si própria.

A escritura é extremamente envolvente, trazendo o leitor para o espaço da personagem, aproximando real e ficcional. Vale a pena participar desse caminho.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato


Leitura reflexiva, simpática e, primordialmente, moderna.

Luiz Ruffato consegue trazer em seus cavalos grandes dilemas do sujeito pós-moderno, mesclando as mais diversas estratégias narrativas para costurar seu livro de contos e crônicas.

Assim o defino por conter capítulos que, na verdade, encerram em si mesmos, ou melhor, encerram-se na postura do leitor frente a esse mundo frenético e robusto que se descortina.

Ora, eis uma obra que consegue tirar seu fôlego com as crônicas cotidianas, fazer com que o leitor reflita nos contos cheios de personalidade e fazer com que o mesmo se reconheça em, pelo menos, um caso. É a presença daquele que lê na narrativa que constrói a singularidade desta e seu exercício contínuo de também criador, como outrora apontaram as teorias da recepção.

Além disso tudo, Ruffato imprime um caráter tão pessoal de escrita que se confunde com o partilhado social. É esse excesso de alternativas e de caminhos adotados que faz do seu livro uma pressuposição para se entender eficazmente a arte contemporânea.